sábado, 22 de novembro de 2008

"McDonaldizar" a Matemática da geração Nintendo?

NATÁLIA BEBIANO DA PROVIDÊNCIA
Departamento de Matemática,
Universidade de Coimbra
JOÃO DA PROVIDÊNCIA JR.
Departamento de Física,
Universidade de Coimbra



A iliteracia em Portugal atinge níveis elevados. Segundo a OCDE, 77 por cento dos portugueses não sabe ler, analisar ou interpretar um texto simples, como uma notícia de jornal ou um folheto médico. Dos 20 países analisados, só a Polónia e o Chile apresentavam números análogos. Cerca de 70 por cento da população portuguesa encontra-se abaixo dos níveis mínimos para fazer face aos desafios de uma sociedade de informação e cerca de 41 por cento não sabe sequer preencher um cheque. Desconcertantemente, inquiridos sobre este facto, setenta e cinco por cento dos portugueses considera que a iliteracia não limita as suas oportunidades no trabalho. Somos, na Europa, os que mais desistências apresentamos a nível do ensino secundário, o único país acima dos 50 por cento de abandono. Aos 22 anos, apenas 50 % dos jovens concluíram o secundário, situando-se todos os países acima dos 60 %. Quarenta por cento dos jovens entre os 18 e os 24 anos, terminada a escolaridade obrigatória, abandona os estudos. Na Grécia são apenas 20 % a fazê-lo, e os mais próximos dos portugueses são os italianos e ingleses, que atingem os 30 %. Apenas pouco mais de 60 % dos jovens portugueses entre os 15 e os 24 anos sabe falar uma língua estrangeira,Millenium contra gregos, italianos e irlandeses que atingem os 70 %, cabendo-nos o último lugar.
Segundo a Comissão Europeia, somos os piores da Europa em competências matemáticas: mais fracos que Chipre, com resultados inferiores a Grécia e Espanha, muito distantes dos melhores: belgas e checos. No sétimo ano de escolaridade, apenas 37 % dos alunos acerta as respostas de matemática! Segundo a ONU e o seu Index de Desenvolvimento Humano, Portugal encontra-se atrás da Irlanda, Bornéu e Chipre, quase ultrapassado pelos Barbados e Coreia do Sul. Os items do Index são: expectativa de vida, literacia dos adultos, frequência e aproveitamento escolares e PNB "per capita."
Nas Olimpíadas de Matemática e Física situamo-nos entre os últimos classificados. (Temos o primeiro lugar europeu em atropelamentos mortais e o primeiro lugar mundial em consumo de alcool.) Os fracos desempenhos dos estudantes portugueses nos cursos superiores das áreas científicas e tecnológicas suscitam reflexão. O número médio de anos para concluir certos cursos de engenharia ronda os 10 anos e a percentagem de estudantes desistentes é muito elevada.

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